sábado, 6 de julho de 2013

Filhos de dependentes químicos com fatores de risco bio-psicossociais: necessitam de um olhar especial?


 
 Filhos de dependentes químicos com fatores de risco bio-psicossociais: necessitam de um olhar especial?
Neliana Figlie1
Andrezza Fontes
2
Edilaine Moraes
2
Roberta Payá
3

 
1Psicóloga, especialista em dependência química, mestre em saúde mental e doutoranda pelo Depto. de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo, Coordenadora do Ambulatório de Alcoolismo da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas - UNIFESP), Coordenadora Geral do Projeto CUIDA (Centro Utilitário de Intervenção e Apoio a Filhos de Dependentes Químicos).
2Psicóloga e pesquisadora da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas - UNIFESP) e do CUIDA (Centro Utilitário de Intervenção e Apoio a Filhos de Dependentes Químicos), especialista em dependência química e mestranda em psiquiatria pela UNIFESP.
3Psicóloga, especialista em dependência química pela UNIFESP, especialista em terapia de família e casal pela PUC/SP, coordenadora clínica do CUIDA (Centro Utilitário de Intervenção e Apoio a Filhos de Dependentes Químicos), pesquisadora da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas - UNIFESP).


Endereço para correspondência:
Neliana Buzi Figlie, UNIAD/UNIFESP/EPM - Depto. de Psiquiatria,
Rua Borges Lagoa, 564, conj. 44, Vila Clementino - São Paulo - SP - Brasil - CEP 04038-001, Fone/Fax: (11) 5579-0640
e-mail: neliana_figlie@uol.com.br ou neliana@psiquiatria.epm.br

 
 Resumo

 
Contexto: A dependência química tende a afetar a família como um todo. Filhos de dependentes químicos têm um risco aumentado para o desenvolvimento da dependência química, bem como para transtornos psiquiátricos, quando comparados com outras crianças. Objetivo: Investigar o perfil de crianças, adolescentes e familiares em um serviço de prevenção seletiva para filhos de dependentes químicos e discutir alternativas de intervenção e tratamento para essa população. Tipo do estudo: corte transversal. Amostra: Serviço de prevenção seletiva, situado em um bairro da periferia da cidade de São Paulo, com 63 familiares, 54 crianças e 45 adolescentes. Instrumentos: Dados sócio-demográficos; Procedimento de Desenhos de Família com Estórias – DF-E; Drug Use Screening Inventory (DUSI); Critérios de investigação sobre situações de estresse psicossocial vividas pela criança (CID 10, 1993); Self-Report Questionnaire SRQ-20; CAGE familiar. Resultados: Com relação ao perfil familiar, 67% pertencem à categoria socioeconômica D; na maioria das famílias o pai é o dependente químico (67%), tendo como substância de escolha o álcool (75%). O SRQ-20 detectou, em 59% dos cônjuges que não eram dependentes químicos, risco de distúrbios em saúde mental. Nas crianças, foi observada timidez e sentimento de inferioridade, depressão, conflito familiar, carência afetiva e bom nível de energia, que é indicativo de equilíbrio emocional e mental. Nos adolescentes, foi observado maior índice de problemas nas seguintes áreas do DUSI: desordens psiquiátricas, sociabilidade, sistema familiar e lazer/ recreação. Conclusão: O artigo concluiu a necessidade de um serviço especializado de prevenção seletiva, dirigido a crianças, adolescentes e familiares afetados pela dependência química, uma vez que filhos de dependentes químicos representam um grupo de risco para o desenvolvimento de problemas bio-psicossociais. Palavras-chave: Transtornos relacionados ao uso de substâncias, criança, psicologia do adolescente, relacionamento familiar, saúde mental.

Nenhum comentário:

Postar um comentário