Poemas, poesias, frases, pensamentos....

POESIAS....







































A amizade...
A imortância da AmizadeQuando a gente é criança,Não valoriza a amizade,Mas quando se cresce,Ela é essencial,É especialAmizade antiga, recente,Amigos ausentes,Amizade que nunca se acaba,Que resiste a tudoA todas as fofocas,A todas as piadinhas...Amizade é importante,Pelo menos para mim,Para alguns de vocês,Para a maioria de nósTantos segredos,De uma vida inteira,De uma infância passageira...Amigos de escola,Desde criança,Criança que não aprendeu ainda o que é amarCriança que brinca sem malícias,Só por brincar,Para se divertirSe vocês soubessem tudo que passei por vocês meus amigos!Quantas vezes chorei escondida,Sem ninguém ver,Me aconselhar,Só pensando na possibilidadeDo destino nos separar,Como já está fazendoMas, antes nos preparandoPara que entendamos,Mas não vamos entender nunca.Amizade é uma corrente que jamais se romperá.


Se amar....

é querer bem a uma pessoa...

Eu te Amo.

Se amar....

é ter carinho por alguém...

Eu te Amo.

Se amar....

é sentir falta de alguém...

Eu te Amo.

Se amar....

é chorar...

como choro por você...

Eu te Amo.

Se amar....

é ter que se sujeitar a ser tratada com frieza...

Eu te Amo.

Se amar....

é estar presente mesmo se sentindo ausente...

Eu te Amo.


ou ir na caixa de correio para ver se tem algum e-mail endereçado a mim vindo de você...

Eu te Amo.

Se amar....

é se submeter...

a indiferença...

da outra pessoa...

Eu te Amo.

Amar você



Sentir é simples,
difícil é demonstrar
o que sinto.

Pensar é simples,
difícil é transformar
o que penso em ato.

Agir é simples
difícil é assumir
a conseqüência do que faço.

Sentir, pensar, agir
difícil é a arte
de aprender a viver,
o segredo é amar assim,
assim como amo você.

Adeus...

É difícil
Mas tenho que partir.
Não vou olhar para trás
Para não sofrer.
Vou dar passos firmes
Para não me arrepender.
Vou segurar as lágrimas
Para não chorar.
Eu sei que o meu destino é esse "Adeus"
Tentei...
Juro que tentei!
Deixei meu coração em suas mãos
Mas hoje descobri que foi pura ilusão.
Me perdoe
Por te deixar sem respostas,
Mas meu caminho vou seguir.
Quem sabe um dia
Nós nos encontramos
E esse doloroso adeus
Se transforme em um lindo sentimento...
Mas agora tenho que ir,
Guarde as boas lembranças
Junto desse
Adeus...

Fases

Hei menino!
Você conseguiu transformar o meu dia simples
Em alegria,
Minhas lágrimas em sorrisos,
Minha angústia em esperança...
Você mudou radicalmente meus pensamentos.
Eu pensava que jamais provaria do Amor,
Mas você apareceu
Tão lindo
E demonstrando tanto afeto,
Provando a cada dia
Que na vida há fases,
Fases de lágrimas e de sorrisos
E que o remédio para se curar
A fase das lágrimas,
É o amor puro e verdadeiro
Como o amor que sinto por você!
Se algum dia eu te falar
Que eu não te amo,
Não acredite!
Pois te amo,
E dizer não, será apenas
Fases!!!

Prometo

Prometo buscar o amor dentro do seu coração,
Prometo cultivá-lo.
Prometo lhe dar consolo quando precisar.
Prometo te amar,
Fazer dos problemas
Momento insignificantes.
Prometo te dar apoio,
Compreensão.
Te prometo acima de tudo
A minha amizade.
Prometo estar sempre do seu lado.
Prometo encontrar seus sorrisos
E enxugar suas lágrimas.
Prometo ficar acordada
Velando por teu sono.
Prometo que vou buscar todas
As formas para lhe fazer feliz.
Prometo que as estrelas serão suas
E a lua será nossa...
São milhões de promessas
De um Verdadeiro Amor sem limites,
Que jamais terá fim
PROMETO!!!

Temporal

Lá fora a chuva cai
E não tenho mais o teu amor...
Chuva que leva os sentidos
Que atormenta os pensamentos,
E mexe com o coração.
A chuva me entrega
A certeza que você não vai chegar,
De que meus desejos não vão se realizar.
Chuva que me faz chorar
E refletir...
Chuva que me faz lembrar,
Lembrar de sonhos
De desejos...
O mundo quer desabar
Num temporal
E meu coração numa solidão.
Sem você a chuva não para
O frio me invade.
São destinos incertos,
Respostas sem certezas.
Vou ter que aprender
A viver com sua ausência,
Esquecer dos momentos
Em que passeávamos
Numa linda tarde de sol.
Aprender a conviver com o temporal,
Temporal de Sentimentos...

Um dia

Um dia a gente aprende que viver
não é sempre estar de mãos dadas com a felicidade.
Ter sempre um sorriso no rosto,
não é ser a pessoas mais feliz do mundo, mas sim a mais forte.
Brigar com o tempo porque não para de chover é ignorância,
porque a chuva é um presente de Deus,
assim como os dias ensolarados.
O frio passa, o calor chega.
O mundo é perfeito,
só é imperfeito para aqueles que acreditam no poder.
Ter o trono não é questão de ser poderoso, mas sim covarde,
por só poder ser ouvido e não entendido.
Aproveitar o poder para ter a primeira e a última palavra
sem antes ouvir críticas e elogios é uma completa ignorância.
Um dia,
depois de muitos anos,
você encontra a razão,
e percebe que momentos de felicidade foram perdidos,
por um inteligência que afirmava uma falsa razão.
Um dia você descobre que a inteligência
atropelou seus instintos e tirou sua razão,
afogou seus sentimentos num mar chamado ilusão.
Um dia a tempestade passa,
e você aprende que tudo na vida tem seu valor.
E descobre que o valor da felicidade é saber o que é viver,
E o valor da vida,
É Aprender Amar!!!

Por você
Eu atravessaria oceanos
Gritaria aos quatro cantos do mundo
Que EU TE AMO!!!
Por você
Ficaria numa tempestade
Até que acabasse.
Por você
Abriria mão dos prazeres
E viveria só pra te amar.
Por você
Ignoraria a razão,
E me entregaria sem medo.
Por você
Eu daria meu último suspiro
Daria minha própria vida,
Abriria mão de meus sonhos.
Por você
Eu faria tudo
Menos te trazer de volta...
A lei da vida não permite
Tirar do céu uma linda estrela...
Só permite admirá-la,
Sem desejá-la.
Mas por você
Busco a felicidade,
E guardo no fundo do coração
As boas recordações.
Faço tudo perfeito,
Para um dia
Estrela também ser...
POR VOCÊ!!!

Estou carente
Precisando dos teus braços.
Quero colo!
Preciso tanto de você
Faça minha carência desaparecer.
Quero colo!
Traga-me meu sorriso imediatamente.
Quero colo!
Você é minha inspiração
Minha fonte de força.
Já sofri,
Agora quero ser feliz.
Quero colo!
Quero as estrelas e a lua unidas,
Abençoando o nosso amor.
Quero colo!
Quero o rastro de seu perfume no meu corpo.
Quero colo!
Quero a felicidade que tanto procurei
E que hoje achei em seus olhos.
Quero colo!
Quero os seus olhos me alimentando de coragem.
Quero colo!
Quero te amar
Por isso preciso do teu colo
QUERO COLO!!!

Cuia de mate

Esta cuia de mate

que com carinho palmeio

pertenceu a um tropeiro

o finado meu avô

és relíquia de valor

na forma de um coração

símbolo vivo da tradição

que o tempo não sepultou



Trás gravado em teu seio

o mais lindo dos debuxos

um tosco rancho gaúcho

na sombra de uma paineira

e um galho de roseira

com uma rosa desabrochada

figura da prenda amada

a xirua companheira



Cuia morena bendita

torneada a ponta de faca

bocal de metal alpaca

curtida pelos janeiros

cálice dos arrueiros

dos tapejaras de dantes

de índios e bandeirantes

do Rio Grande altaneiro



Toda vez que te empunho

para um mate bem cevado

me vem a tona um passado

na minha imaginação

te vejo de mão em mão

saracoteando faceira

se beijando com a chaleira

numa tertulia de galpão



E a indiada esparramada

em roda de um braseiro

sesteando sobre os baixeiros

estendidos pelo chão

degustando o chimarrão

na velha bomba prateada

entre o eco das risadas

dos causos de assombração



E um taura lá num canto

entreverado na fumaça

empapuçado de cachaça

curtida de borrachão

dedilhando um violão

num estilo bem campeiro

alegrando os companheiros

a pedido do patrão



E a cuia topetuda

que nem china querendona

se esfregando na cambona

junto a trempe enferrujada

desafiando a peonada

os gaudérios domadores

os tropeiros mercadores

para a última mateada



Velha cuia legendária

herança do tempo antigo

quisera eu ter conhecido

teus parceiros mateadores

poetas, declamadores

payadores de outrora

que forjaram nossa história

com sangue, lágrimas e dores!

Cusco Preto

Meu velho cusco preto,

Companheiro de andanças,

Das caçadas e festanças

E gauderiadas pelos pagos,

Nos bolichos e nos tragos

Estava sempre comigo,

Protegendo-me do inimigo,

Rosnando sempre ao meu lado.



Sesteando em riba das patas,

Com as orelhas estaqueadas,

Se criou largando as pulgas,

Entreverado com a peonada,

Nos corredores de estrada,

E lá no fundo do galpão,

Escutando resmungo de gaita

E tinido de facão.



Os retinidos de esporas,

Relinchos de redomão,

Os berros de terneiros

E do bugio lá no capão,

Estalo de relho e tropel de cascos,

Rangido de carreta no espigão,

Zunidos de argolas de laços,

Nos dias de marcação.



Assim vivia o meu cusco

De rincão em rincão,

Comendo bago na brasa

Nas lidas de castração,

Atocaiando um lagarto

Lá no fundo do chiqueiro,

Correndo pelo potreiro

Atrás de um potro gavião.



Cachorro preto teatino,

Sem raça, criado guaxo,

Sempre foi guaipeca macho

Nos rebuliços de campanha,

Desde muito que me acompanha

Demonstrava inclinação

Em pegar boi pelas ventas

E fazer escarvar o chão.



Cusco preto pêlo duro

Que trás as marcas no couro

De chifradas de touro

E manotaço de bagual,

Vive hoje na porta do rancho,

Entravado sobre um baixeiro,

Na sombra do abacateiro,

Já não pode mais pelear.



Pois, por força do destino,

O guasca foi atropelado

Por um índio desalmado

Que por pouco não lhe matou,

Mas, Cusco..., preto valente

Vai pastoreando deitado,

As lembranças do passado

Do patrão que le criou.

Último Ato

Colmar Duarte

A morte chegou de quieto,
com alpargatas barbudas
de tanto campear viventes

O sol recém despontara
sobre os pastos serenados
daquele final de agosto.

Mateando, de frente à porta,
ia pensando recuerdos
por não ter com quem prosear.

Estava assim distraído
quando ela tocou seu ombro.

Quis levantar
mas tombou, soltando a cuia da mão.
A cuia rolou pra longe
deixando um rastro e um som...
A morte o deixou caído;
quebrou a cuida do mate,
sofrenou seu coração.

Quando alguém chegou à porta
que emoldurava o silêncio
daquele quarto vazio,
achou seu corpo, de borco,
com o rosto contra o chão;
o chão - um tronco de angico,
ele - a casca de uma cigarra,
deixada na mutação.

Morreu tal como vivera,
sem aviso, sem alarde.

Seu último confidente
foi essa cuia de mate
da manhã,
do fim da tarde,
que rolou da mão sem vida
deixando um rastro e um som...

Morreu tal como quisera
por gostar da solidão;
solteiro,
sem neto ou filho
pra chorar porque se foi.

No velório,
só o silêncio acompanhava o balanço
da chama das duas velas
no ritual do relembrar.

Companheiro como poucos,
nunca negava o estrivo
ou deixava um compromisso
pra um passeio
ou pra um serviço.
Mate pronto,
água caliente
ou de pingo pelo freio;
mas não largava na frente,
sempre esperava um convite.

E os silêncios que ele tinha
guardados de muito tempo?

Daqueles que só os amigos
podem juntos desfrutar.

Quando as brasas dos borralhos
se acomodaram pra dormir,
já não chiam as cambonas
nem há causos pra contar,
cada qual com seus recuerdos
confidenciando segredos
nesse dialeto casmurro,
onde a palavra é demais.

Dizem que o homem já nasce
com o destino traçado.
Ninguém vive por acaso,
mas cumprindo uma tarefa.
Sendo apenas uma peça
de um tabuleiro invisível
onde um deus joga xadrez!

Mais um tonto personagem
de um circo de marionetes,
numa cena repetida
pela vida,
muitas vezes,
preso a uma cruz de cordões.
E a mão que nos move os passos
estabelece os fracassos
e determina as conquistas.

Dos marionetes artistas
este foi coadjuvante.
Passou nos palcos da vida
sem despertar atenção.

Acho até
que foi por isso
que nunca quis se casar.
Pra não subir nesse palco
como artista principal.

Mas a morte entrou em cena.

E nesse ato final
o pôs no centro da sala,
com luzes ao seu redor.

Todos rezaram por ele;
todos tiraram o chapéu.

E o levaram do cenário, com as flores
e o caixão;
com todos os seus silêncios
guardados pra nunca mais...

--xx--- lua cheia de fevereiro, 99.

Que diacho! Eu gostava do meu cusco

de Alcy José de Vargas Cheuiche

Entendo. Envelheci entendendo.
Bicho não tem alma, eu sei bem,
mas será que vivente tem?

Que diacho! Eu gostava do meu cusco.
Era uma guaipeca amarelo,
baixinho, de perna torta,
que me seguiu num domingo,
de volta de umas carreira.

Eu andava meio abichornado,
bebendo mais que o costume,
essas coisa de rabicho, de ciúme,
vocês me entendem, ele entendeu.

Passei o dia bebendo
e ele ali no costado
me olhando de atravessado,
esperando por comida.

Nesse tempo era magrinho
que aparecia as costela.
Depois pegou mais estado
mas nunca foi de engordá.

Quando veio meu guisado,
dei quase tudo prá ele.
Um pouco, por pena dele,
e outro, que nesse dia,
só bebida eu engolia
por causa dos pensamento.

Já pela entrada do sol,
ainda pensando na moça
e nas miséria da vida,
toquei de volta prás casa
e vi que o cusco magrinho
vinha troteando pertinho,
com um jeito encabulado.

Volta prá casa, guaipeca!
Ralhei e ralhei com ele.
Parava um puco, fugia,
farejava qualquer coisa,
depois voltava prá mim.
O capataz não gostou,
na estância só tinha galgo,
mas o guaipeca ficou.

Botei o nome de sorro,
as crianças, de brinquinho,
mas o nome que pegou
foi de guaipeca amarelo.

Mas nome não é o que importa.
Bicho não tem alma, eu sei bem.
Mas será que vivente tem?

Ficou seis anos na estância.
Lidava com gado e ovelha
sempre atento e voluntário.
Se um boi ganhava no mato,
o guaipeca só voltava
depois de tirá prá fora.

E nunca mordeu ninguém!
Nem as índia da cozinha
que inticava com ele.
Nem ovelha, nem galinha,
nem quero-quero, avestruz.
Com lagarto, era o primeiro
e mesmo piquininho
corria mais do que um pardo.

E tudo ia tão bem...
Até que um dia azarado
o patrãozinho noivou
e trouxe a noiva prá estância.

Era no mês de janeiro,
os patrão tava na praia,
e veio um mundo de gente,
tudo em roupa diferente,
até colar, home usava,
e as moça meio pelada,
sem sê na hora do banho,
imagino lá no arroio,
o retoço da moçada.

Mas bueno, sou doutro tempo,
das trança e saia rodada,
até aí não tem nada,
que a gente respeita os branco,
olha e finge que não vê.
O pior foi o meu cusco,
que não entendeu, por bicho,
a distância que separa
um guaipeca de peão
da cachorrinha mimosa
da noiva do meu patrão.

Era quase de brinquedo
a cachorrinha da moça.
Baixinha, reboladera,
pêlo comprido e tratado,
andava só na coleira
e tinha medo de tudo,
por qualquer coisa acoava.

Meu cusco perdeu o entono
quando viu a cachorrinha.
E les juro que a bichinha
também gostou do meu baio.
Mas namoro, só de longe
que a cusca era mais cuidada
que touro de exposição.

Mas numa noite de lua,
foi mais forte a natureza.
A cadela tava alçada
e o guaipeca atrás dela
entrou por uma janela
e foi uma gritaria
quando encontraram os dois.

Achei graça na aventura,
até que chegou o mocito,
o filho do meu patrão,
e disse prá o Vitalício
que tinha fama de ruim:
Benefecia o guaipeca
prá que respeite as família!
Parecia até uma filha
que o cusco tinha abusado.

Perdão, le disse, o coitado
não entende dessas coisa.
Deixe qu'eu leve prá o posto
do fundo, com meu cumpadre,
depois que passá o verão.
Capa o cusco, Vitalício!
E tu, pega os teus pertence
e vai buscá teu cavalo.

Me deu uma raiva por dentro
de sê assim despachado
por um piazito mijado
e ainda usando colar.
Mas prometi aqui prá dentro:
mesmo filho do patrão,
no meu cusco ninguém toca.
Pego ele, vou m'embora
e acabou-se a função.

Que diacho! Eu gostava do meu cusco.
Bicho não tem alma, eu sei bem.
Mas será que vivente tem?

Campiei ele no galpão,
nos brete, pelas mangueira
e nada do desgraçado.
No fim, já meio cansado,
peguei o ruano velho
e fui buscá o meu cavalo.

Com o tordilho por diante,
vinha pensando na vida.
Posso entrá numa comparsa,
mesmo no fim das esquila.
Depois ajeito os apero
e busco colocação,
nem que seja de caseiro,
se não me ajustam de peão.
E levo o cusco comigo
pois foi o único amigo
que nunca negou a mão.

Nisso, ouvi a gritaria
e os ganido do meu cusco
que era um grito de susto,
de medo, um grito de horror.
Toquei a espora no ruano
mas era tarde demais.
Tinham feito a judiaria
e o pobrezinho sangrava,
sangrava de fazê poça
e já chorava fraquinho.

Peguei o cusco no colo
e apertei o coração.
O sangue tava fugindo,
não tinha mais esperança.
O cusco foi se finando
e os meus olho chorando,
chorando como criança.

Que diacho! Eu gostava do meu cusco.
Bicho não tem alma, eu sei bem.
Mas será que vivente tem?
Nessa hora desgraçada
o tal mocito voltou
prá sabê pelo serviço.
Botei o cusco no chão,
passei a mão no facão
e dei uns grito com ele,
com ele e com o Vitalício!

Ele puxô do revólver
mas tava perto demais.
Antes que a bala saísse,
cortei ele prá matá.
Foi assim, bem direitinho.
Não tô aqui prá menti.
É verdade qu'eu fugi
mas depois me apresentei.
Me julgaram e condenaram
mas o pior que assassino,
foi dizerem que o motivo
era pouco prá o que fiz...

Que diacho! Eu gostava do meu cusco.
Bicho não tem alma, eu sei bem.
Mas será que vivente tem?

Querência Sonhada

de Caco Coelho

Extraída de http://www.paginadogaucho.com.br

Queria que, de repente, tudo fosse diferente,
da vida que tenho aqui, da cidade ir me embora,
Viver a vida de outrora, dos meus tempos de guri..

Queria que a minha casa fosse um ranchito campeiro,
Amigos, gente chegando,
E no fogão , um braseiro,
A carne gorda pingando, na festança do assado,
E a gaita velha tocando um chote bem compassado..

Que os espigões que nos cercam,
Fossem Umbus p'ro aconchego
Dos gaudérios assoleados, descansando nos pelegos,

Que buzinas, telefones, ruídos que nos consomem,
Martirizando a existencia,
Fossem passaros cantores, nativos,
anunciadores de uma sonhada querencia,

Queria que, de repente, tudo fosse diferente,
da vida que tenho aqui,
Da cidade ir-me embora, viver a vida de outrora,
dos meus tempos de guri.

A cambona no costado, do forte calor do fogo,
no terreiro o eterno jogo do sol nascendo e se pondo...
De mão em mão o porongo, no apojo do mate amargo..
Um cusco junto comigo,
Olfateando p/ churrasco...
Ouvindo o bater dos cascos, de alguém que ao longe se vai ...
Pisando o treval maduro, das barrancas do Uruguay ..

Queria que, de repente, tudo fosse diferente,
Da vida que tenho aqui, da cidade ir-me embora,
Viver a vida de outrora, dos meus tempos de guri ...


Chimarrão da madrugada

de Aureliano de Figueredo Pinto

Não sei por que nesta noite
o sono velho cebruno
ergueu a clina e se foi!
E eu que arrelie ou me zangue.

Tenho olhos de ave da noite,
ouvidos de quero-quero
cordas de viola nos nervos
e uma secura no sangue.

Então, da marquesa salto
e vou direto ao galpão:
bato tição com tição
e a lavareda clareia
os caibros do galpão alto.

Já a cuia bem enxaguada,
curto um cigarro daqueles
de reacender vinte vezes
num trote de quatro léguas
de uma chasqueira troteada.

E, quando a chaleira chia,
principio um chimarrão,
mais verde e mais topetudo
do que um mate de barão.

Me estabeleço num banco
pra gozar gole e fumaça,
pitando um naco de fumo branco.
E entre tragada e golito
saludo mui despacito
cada recuerdo que passa.

Um galo - o cochincho-mestre!
o laço desenrodilha.
E fica só com a presilha
e solta a armada bem grande
do laço de um canto largo
de sobrelombo a uma estrela.

E os outros galos-piazitos
vão atirando os lacitos
como em guachas de sinuelo.

E até um garnisé cargoso
vai reboleando orgulhoso
o soveuzito feioso
feito de couro com pêlo.

Nem relincham os cavalos!
Com brilhos de ponte-suelas,
lá em riba estão as estrelas!
Cá em baixo os cantos dos galos.

A estrela d'alva trabalha
na imensidão da hora morta:
ou num perfil de medalha
ou a maiúscula inicial
sobre a prata de um punhal
que ainda há de sangrar o dia.

E a "Nova" ao largo se corta,
magra, esquilada, arredia,
empurrando a guampa torta
contra o ventito do Sul,
como num campo de azul,
a ovelha chamando a cria.

Solito, perto do fogo,
como um bugre imaginando,
escuto o Tempo rodando
sem descobrir o seu jogo.

O perro Baio-coleira
faz que cochila... E abre os olhos,
a espaços, regularmente.
E me fixa os olhos claros
como um amigo, dos raros,
cuidando do amigo doente.

É um gosto olhar os brasidos
E os luxos das lavaredas
dançando rendas e sedas
para a ilusão dos sentidos.
E entre o amargo e a tragada
tranqueiam na madrugada
tantos recuerdos perdidos.

E o chimarrão macanudo
vai entrando pelo sangue!
Vai melhorando as macetas,
curando as juntas doridas
como água arisca de sanga
sobre loncas ressequidas.

O peito avoluma e arqueia
como cogote de potro.
E as ventas se abrem gulosas
por cheiro de madrugada.
Potrilhos em disparada
num Setembro de alvoroto.

Ah! Sangue velho... Descubro
porque hoje estás de vigília:
Dois séculos de Fronteiras.
de madrugadas campeiras,
de velhas guardas guerreiras
bombeando pampa e coxilha!

Por isso é que hoje não dormes!
Ouviste a voz de ancestrais:
O chimarrão principia!
Alerta! O campo vigia!
Da meia-noite pra o dia
Um taura não dorme mais...

Carta aberta ao guri que fui

de Moisés Silveira de Menezes

Quando vim de lá, trouxe quase tudo,
tudo que cabia na velha mala sebruna
e nos anseios de horizontes largos.
Ficou um potro cabos negros
ausentado de quem cavalgava
"alpedo",ao sabor dos ventos.
Ficaram os meus tão queridos
que ainda hoje, povoam meus recuerdos
junto a outras tantas bem querenças
que me foram acrescidas pela estrada.
Ficou um amor não resolvido eternizado
em sonetos tolos e ingênuos.

Fui guri plantado a beira do rio
onde a prata dos lambaris
cintilava ao ouro-sol do verão,
bailando ágeis pelas corredeiras,
emolduradas de aguapés e sarandis.
Na retina guardei imagens
de malmequeres desfoihados,
o gosto doce das frutas silvestres,
o aroma de anis e maçanilha
que compuseram sutil sinfonia
criando contornos às próprias ausências
e aconchegando as minhas distâncias.

Aos torvelinhos se intercalam na lembrança
lentas imagens da paisagem da querência,
capões de mato enclausurando centenárias casas
onde dormitam amarelados retratos nas paredes
como guardiões de uma história meio bruta
perenizada na dureza dos relatos.
Rios preguiçosos onde se espelham cerros grandes
e costeiros fantasmas perambulam
na boca larga dos causos e das lendas.
Deste cenário eu vim, partido, repartido
ombreando o fado de moldar sonho e destino
ao som longínquo de um clarim em retirada.

Hoje tenho certeza, que não vim de todo
ficou uma parte, partida, vagando
nos campos floridos da infância
talvez por isso, vez por outra
volte a pequena e plácida cidade,
esculpida no alto da coxilha
entre a Serra Geral e o Planalto,
busco elos, peças em falta
no intricado quebra-cabeças
que paciente e perseverante
vou montando ao longo dos dias,
para entender donde vim e pra onde vou.

Me reencontro em parte, aos poucos
quando o disperso imaginário
me transporta em fantasia,
olhar sonhador, plasmado
na frágil e grácil silhueta
da professorinha da escola rural
que serena e mansamente
desfiava contas e contos,
talvez sem se dar conta
de um amor primeiro e singular
que aprisionou-se nos subconsciente dos funções
para renascer ao ensejo de lembranças fugazes.

Por isso à noite quando o sol se põe
e a lua branda se recorta ao céu
dou asas longas a meus devaneios.
Despacito vou me enfurnando "lejo"
no campo largo das reminiscências
onde vagueiam inocentes pirilampos.
Campeio um jeito de volver atrás,
junto coragem pra rever estragos
que cimentaram no caminho andado,
pois, só um rosto numa foto antiga
amarfanhada no desalinho das gavetas
liga o real e o meu faz de conta.

Se eu não voltar para ficar, contudo
viverei poetando esta saudade linda
que acalma a dor e aproxima os longes,
mas, volta e meia, inverterei o rumo
trançando estradas como um peregrino,
buscando imagens, gestos, paisagens
que amenizem o passar dos anos.
Jogarei linhas de espera nos remansos,
irei a escola ver se alguém desfia
contos e contas como antigamente
e ao retomar terei certeza, enfim,
haver encontrado o guri que fui.


Bochincho

de Jayme Caetano Braun

A um bochincho - certa feita,
Fui chegando - de curioso,
Que o vicio - é que nem sarnoso,
nunca pára - nem se ajeita.
Baile de gente direita
Vi, de pronto, que não era,
Na noite de primavera
Gaguejava a voz dum tango
E eu sou louco por fandango
Que nem pinto por quireral.

Atei meu zaino - longito,
Num galho de guamirim,
Desde guri fui assim,
Não brinco nem facilito.
Em bruxas não acredito
'Pero - que las, las hay',
Sou da costa do Uruguai,
Meu velho pago querido
E por andar desprevenido
Há tanto guri sem pai.

No rancho de santa-fé,
De pau-a-pique barreado,
Num trancão de convidado
Me entreverei no banzé.
Chinaredo à bola-pé,
No ambiente fumacento,
Um candieiro, bem no centro,
Num lusco-fusco de aurora,
Pra quem chegava de fora
Pouco enxergava ali dentro!

Dei de mão numa tiangaça
Que me cruzou no costado
E já sai entreverado
Entre a poeira e a fumaça,
Oigalé china lindaça,
Morena de toda a crina,
Dessas da venta brasina,
Com cheiro de lechiguana
Que quando ergue uma pestana
Até a noite se ilumina.

Misto de diaba e de santa,
Com ares de quem é dona
E um gosto de temporona
Que traz água na garganta.
Eu me grudei na percanta
O mesmo que um carrapato
E o gaiteiro era um mulato
Que até dormindo tocava
E a gaita choramingava
Como namoro de gato!

A gaita velha gemia,
Ás vezes quase parava,
De repente se acordava
E num vanerão se perdia
E eu - contra a pele macia
Daquele corpo moreno,
Sentia o mundo pequeno,
Bombeando cheio de enlevo
Dois olhos - flores de trevo
Com respingos de sereno!

Mas o que é bom se termina
- Cumpriu-se o velho ditado,
Eu que dançava, embalado,
Nos braços doces da china
Escutei - de relancina,
Uma espécie de relincho,
Era o dono do bochincho,
Meio oitavado num canto,
Que me olhava - com espanto,
Mais sério do que um capincho!

E foi ele que se veio,
Pois era dele a pinguancha,
Bufando e abrindo cancha
Como dono de rodeio.
Quis me partir pelo meio
Num talonaço de adaga
Que - se me pega - me estraga,
Chegou levantar um cisco,
Mas não é a toa - chomisco!
Que sou de São Luiz Gonzaga!

Meio na volta do braço
Consegui tirar o talho
E quase que me atrapalho
Porque havia pouco espaço,
Mas senti o calor do aço
E o calor do aço arde,
Me levantei - sem alarde,
Por causa do desaforo
E soltei meu marca touro
Num medonho buenas-tarde!

Tenho visto coisa feia,
Tenho visto judiaria,
Mas ainda hoje me arrepia
Lembrar aquela peleia,
Talvez quem ouça - não creia,
Mas vi brotar no pescoço,
Do índio do berro grosso
Como uma cinta vermelha
E desde o beiço até a orelha
Ficou relampeando o osso!

O índio era um índio touro,
Mas até touro se ajoelha,
Cortado do beiço a orelha
Amontoou-se como um couro
E aquilo foi um estouro,
Daqueles que dava medo,
Espantou-se o chinaredo
E amigos - foi uma zoada,
Parecia até uma eguada
Disparando num varzedo!

Não há quem pinte o retrato
Dum bochincho - quando estoura,
Tinidos de adaga - espora
E gritos de desacato.
Berros de quarenta e quatro
De cada canto da sala
E a velha gaita baguala
Num vanerão pacholento,
Fazendo acompanhamento
Do turumbamba de bala!

É china que se escabela,
Redemoinhando na porta
E chiru da guampa torta
Que vem direito à janela,
Gritando - de toda guela,
Num berreiro alucinante,
Índio que não se garante,
Vendo sangue - se apavora
E se manda - campo fora,
Levando tudo por diante!

Sou crente na divindade,
Morro quando Deus quiser,
Mas amigos - se eu disser,
Até periga a verdade,
Naquela barbaridade,
De chínaredo fugindo,
De grito e bala zunindo,
O gaiteiro - alheio a tudo,
Tocava um xote clinudo,
Já quase meio dormindo!

E a coisa ia indo assim,
Balanceei a situação,
- Já quase sem munição,
Todos atirando em mim.
Qual ia ser o meu fim,
Me dei conta - de repente,
Não vou ficar pra semente,
Mas gosto de andar no mundo,
Me esperavam na do fundo,
Saí na Porta da frente...

E dali ganhei o mato,
Abaixo de tiroteio
E inda escutava o floreio
Da cordeona do mulato
E, pra encurtar o relato,
Me bandeei pra o outro lado,
Cruzei o Uruguai, a nado,
Que o meu zaino era um capincho
E a história desse bochincho
Faz parte do meu passado!

E a china - essa pergunta me é feita
A cada vez que declamo
É uma coisa que reclamo
Porque não acho direita
Considero uma desfeita
Que compreender não consigo,
Eu, no medonho perigo
Duma situação brasina
Todos perguntam da china
E ninguém se importa comigo!

E a china - eu nunca mais vi
No meu gauderiar andejo,
Somente em sonhos a vejo
Em bárbaro frenesi.
Talvez ande - por aí,
No rodeio das alçadas,
Ou - talvez - nas madrugadas,
Seja uma estrela chirua
Dessas - que se banha nua
No espelho das aguadas!

Aqui estou, Sr. Inverno

de Aureliano de Figueredo Pinto

Já sei que chegas, Inverno velho!
Já sei que trazes - bárbaro! O frio
e as longas chuvas sobre os beirais.
Começo a olhar-me, como em espelho,
nos meus recuerdos... Olho e sorrio
como sorriram meus ancestrais.

Sei que vens vindo... Não me amedrontas!
Fiz provisões de sábias quietudes
e de silêncios - que prevenido!

Vão-se-me os olhos nas folhas tontas
como simbólicos ataúdes
rolando ao nada do teu olvido.

Aqui me encontras... Nunca deserto
do uivo dos ventos e das matilhas
de angústias vindo sem parcimônias.
Chega ao meu rancho que estou desperto:
- sou veterano de cem vigílias,
sou tapejara de mil insônias.

Aqui estarei... Na erma hora morta,
junto da lâmpada, com que sonho,
não temo estilhas de funda ou arco.
Tuas maretas de porta em porta,
os teus furores de trom medonho
não trazem pânico ao bravo barco.

Na caravela ou sobre a alvadia
terra do pampa - cerros e ondas
meu tino e rumo não mudarão.
No alto da torre que o mar vigia,
ou, sem querência, por longas rondas,
não me estrangulas de solidão.

Tua estratégia de assalto e espera
conheço-a muito, fina e feroz:
de neve matas; matas de mágoa;
derramas nalma um frio de tapera;
nanas ausências a meia voz
e os olhos turvos de rasos d'água.

Comigo, nunca... Se estou blindado!
Resisto assédios, que bem conduzes,
no legendário fortim roqueiro.
Brama as tuas fúrias de alucinado!
- Fico mais calmo que as velhas cruzes
braços abertos para o pampeiro.

Os meus fantasmas bem sei que animas
para, num pranto de vãs memórias,
virem num coro de procissão
trazer-me o embalo de velhas rimas.
- À intimidade dessas histórias
tenho aço e bronze no coração.

Então soluças pelas janelas,
gemes e imprecas pelos oitões,
galopas louco sobre as rajadas,
possesso, ululas entre procelas.
E ébrio, nas noites destes rincões
lampejas brilhos de punhaladas.

Inútil tudo! Vê que estou firme.
Nenhum receio me turba o aspeto,
nenhuma sombra me nubla o olhar.
Contigo sempre conto medir-me
frio, impassível, bravo e correto
como um guerreiro que ia a ultramar.

Reconciliemo-nos, velho Inverno!
Nem és tão rude! Tão frio não sou...
Venha um abraço muito fraterno.
Olha...
Esta lágrima que rolou
não a repares...
É de homenagem
a alguém que aos céus se fez de viagem,
e nunca... nunca! Nunca mais voltou...



Hermano

de Jayme Caetano Braun

Seu nome - nunca se soube,
nem ele mesmo sabia.
Numa noite muito fria
deu ô de casa na estância.
Vinha de longa distância
dos fundos da noite grande,
mas nos galpões do Rio Grande
isso tem pouca importância.

Ninguém lhe perguntou nome
nem lugar de procedência
que vinha de outra querência
se via no sufragante,
um buenas noites vibrante
de campeira fidalguia
e a galponeira franquia:
- ... Apeie... e chegue pra diante!

O chapéu com barbicacho,
negra e comprida melena,
pele queimada, morena
sem luxos na vestimenta,
bombacha de brim - cinzenta,
adaga e faca à cintura
e um olhar misto ternura
com lampejos de tormenta.

Mi nombre es Hermano, hermanos
disse - enquanto chimarreava
à peonada que escutava
mui atenta - por sinal,
e no mesmo tom casual,
palmeando a cuia de mate,
afirmou como arremate:
- Soy de la banda Oriental!

Desde essa noite o Hermano
ficou na estância - ajudando,
que o índio que anda cruzando
não se ajusta como peão,
vai ficando no galpão
- a velha casa reiúna -
onde os párias sem fortuna
buscam calor de fogão.

Sempre alegre e prestativo,
naquele meio dialeto,
era um gaúcho completo,
de ação pronta e destorcida,
demonstrando em qualquer lida
que era desses campechanos
que já nasceram vaqueanos
dos mil atalhos da vida.

Depois que se enforquilhava
no seu basto castelhano
nem o bagual mais tirano
sacava o índio dali.
Aos gritos de ibi-bi-bi,
ia surrando cruzado
pulando mais que dourado
nas enchentes do Ibicuí!

Cantava uma flor de truco,
à velha moda gaúcha
e num jardeio - qüe pucha,
sempre saía primeiro,
corredor mui tarimbeiro,
desses com sete sentidos
que até parecem nascidos
nas cruzes do parelheiro.

Laçava... e como laçava,
de a pé como de a cavalo,
tanto fazia no pealo,
ser sobre-lombo ou cucharra;
companheiro numa farra
dos que não refugam nada
e que mão aveludada
pra pontear uma guitarra.

Quando cantava se via
naquele olhar machucado
o pensamento empacado
nalguma reminiscência,
talvez a velha querência
longe na barra pampeana...
talvez alguma paisana
desgarronada na ausência...

Numa milonga macia,
numa cifra - num estilo
nunca se viu como aquilo
tamanha fidelidade,
ora olfateando saudade
numa nostalgia langue;
ora farejando sangue
num berro de liberdade.

Quando os dedos se perdiam
entre a quarta e a bordona
pareciam vir à tona
barbarescsa ressonâncias,
clarins furando distâncias
num último chamamento
e laços cortando ventos
no amanhecer das estâncias.

Depois amaciava o tranco
com patas aveludadas
e evocava madrugadas
com luas e meias-luas;
pôr-de-sóis nas pampas nuas
com romances proibidos
nos pelegos estendidos
para divãs das chiruas!

Sábado encilhava o baio
rumbeando aos ranchos da estrada,
beber ternura comprada,
onde os párias vão beber,
pois nesse meio viver,
o índio sem parador,
nunca encontra o bebedor
da sanga do bem querer.

Foi num Domingo de tarde,
ao retornar de uma andança,
a noite caía mansa
e o paisano vinha sério,
o pensamento gaudério
perdido longe... distante,
sem saber que, logo adiante,
ia enfrentar o mistério.

Quando embicava no passo
que faz fundo na invernada,
já na boca da picada,
o baio parou-se um gato,
bufou com espalhafato,
como prevendo tragédia,
o índio bancou na rédea,
já meio dentro do mato.

Ouviu um - morre bandido
dos covardes, de emboscada,
já na primeira trovoada
planchou-se o baio cabano.
Baleado embora, o Hermano,
ao se apartar do lombilho
vinha puxando gatilho
dum trinta e oito orelhano.

Seis tiros dados no rumo
e um alarido de morte.
Depois, a sangueira forte
e um frio que vinha do miolo
mas o índio era crioulo,
teve um sorriso esquisito:
- não ia morrer solito,
pra o taura, é sempre um consolo.

E ajoelhado, atrás do baio,
parceiro de mil jornadas,
já de pupilas vidradas
pela morte repentina,
passou-lhe a mão pela crina,
como quem nana criança
e um arrepio de vingança
escureceu-lhe a retina.

Com três ou quatro balaços
bordando a pele morena,
nem ouvia a cantinela
e o fogonear dos balaços,
meio de arrasto - c'os braços,
rumbeou para o tiroteio:
- galo fino - no careio,
coloreando de puaços...

Era um gaúcho Oriental
e um Oriental não recua,
honra a tradição charrua
e nem a morte o abala,
no próprio sangue resvala
mas segue no mesmo tranco,
agora, de ferro-branco,
porque jã não tem mais bala.

Sente que a vista falta
e uma bárbara dormência,
mas resta-lhe uma incumbência
nessa noite de Domingo,
se entrevera e - no respingo,
mete a adaga em carne humana,
gritando em voz insana:
- esta les doy por mi pingo!

Com vinte e tantos balaços,
escoriações e facadas,
as roupas esburacadas,
já cego - e peleando aos gritos,
como a confirmar os gritos
dalgum Confúncio campeiro:
- Covarde morre ligeiro,
o taura, morre aos pouquitos.

Três mortos - mais o Hermano
e o baio - morto encilhado,
não foi identificado
nem um só daquele trio,
o restante, se sumiu,
na imensidade campeira,
deixando apenas sangüeira
e o choro do vento frio.

Nunca se soube o motivo
daquela barbaridade,
nem a própria autoridade
nem gente da vizinhança.
Foi com certeza, vingança,
feita por gente mandada.
Restam na velha picada
quatro cruzes por lembrança.

Seus nomes nunca se soube,
três cruzes sem inscrição
defronte - noutro munchão,
uma cruz tem nome: Hermano.
Descansa nela o paisano
que usava melena preta,
um poncho azul de baeta,
montava um baio cabano.

E lá está a cruz de pau ferro
palanqueando o castelhano,
último adeus do Hermano,
na tarde triste e cinzenta,
ao ver a cruz - representa
que a gente vê - na lonjura,
seu olhar, misto ternura,
com lampejos de tormenta.

O MEU CORAÇÃO PAROU

O meu coração parou
Quando sem esperar
Ouvi a tua voz
Nesse fado que falou
Daquilo que é amar
E que falava de nós…
O meu coração parou
E depois voltou á vida
E começou a sonhar
Foi o amor que voltou
A saudade adormecida
Começou a acordar
Depois…nada aconteceu
E ficou tudo igual
De novo…
A saudade adormeceu
Pos um ponto final
E meu coração parou…

15/12/2006
Edyth Teles de Meneses


AMOR OU AMIZADE?

Será que isso mesmo está acontecendo?
Será apenas um desejo
Ou então uma grande paixão?
Sei lá o que está acontecendo...
Não sei direito explicar o que se passa no meu coração!

Quando precisei de carinho
Você me deu...
Mas foi tudo tão rápido
Que eu pensei que estava errado!

Eu só queria te conhecer melhor.
Mas mesmo em pouco tempo
Já sei que você pensa em mim...
Mas você tem medo
E eu te peço: não faz assim!

Temos que deixar tudo acontecer naturalmente
Sem ter medo de nada...
Vamos ser feliz;
Eu sei que você esta apaixonada!

Queria eu que tudo que falei
Acontecesse e fosse verdade
Pois sei que tudo no amor pode acontecer!
Principalmente nada...


Tudo pode mudar de repente
Só depende de você
Basta você dizer a verdade;
Se for amor ou se é apenas amizade!

Silvio


Isso é amor


Teu amor nasceu do meu ...
Que na tarde que expira,
Que no canto da lira,
Dos mares na raia ...
com as ondas da praia,
Tocando - lhes os pés...
Meu olhar encontrou o seu,
Minha alma sentia á sua.

Melhor que o dia...
Chegou a harmonia da noite,
No luar encadescente ...
Sobre ti me parei ...
Com as notas de uma flauta ,
E com o encanto ao nosso redor...
Seu corpo ao meu ...encostei.
Ao senitr seu doce perfume...
Teus lábios aos meus juntei.

Seu coração toquei...
Tua alma á minha laçei,
Teus olhos aos meus cruzei...
Teu amor nasceu do meu ,
Teu sorriso selou meu querer.
Suas carícias firmaram meus desejos.

Não nos apaixonamos no mesmo instante,
Mas nos encontramos no mesmo momento.
Nos entregamos com o mesmo vigor.
Não importa o tempo ...
Ou o lugar ...
Seu amor nasceu do meu ,
E minha nascente se lapida a cada vez ...
Que que nos amamos...
Ao ar que juntos respiramos .
A vida que juntos entregamos á ter...

Isso é poesia ...
Isso é amor.

Aline luciana



Inteira



Veja minh’alma desenhada no olhar
Expressão mais pura da sinceridade
Para ti mostro-me inteira, sem receios
Entrego-me em total felicidade.

És meu amante, amigo, companheiro
Para nós não há diferenças ou idades
Veja minh’alma desenhada no olhar
Expressão mais pura da sinceridade.

Límpido e sereno, igual as noites claras
Abraçados sob o céu nós dormitamos
Falo baixinho, pois não quero te acordar
Te digo com a mais pura sinceridade
Veja minh’alma desenhada no olhar.

Denise Severgnini/ Fatima Mota
Denise de Souza Severgnini




Fim do casamento



Ao vento, dou-me em prantos de amor
Lágrimas rolam em minha face triste
Há nos versos doloridos que eu compor
Impressões de mágoa que em mim existe

Meu coração em querer-te ainda insiste
Sem levar em conta meu cruel dissabor
Ao vento, dou-me em prantos de amor
Lágrimas rolam em minha face triste

Partiste deixando meu jardim incolor
Apontando sempre teu dedo em riste
Em ti penso, não importando onde for
Escrava sou sem a força de maciste
Ao vento, dou-me em prantos de amor

Denise de Souza Severgnini




Amor é fogo que arde sem se ver.
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?



Deixe-me





Menininha,
deixe-me lhe fazer feliz,
fazer o que nunca fiz,
oferecer-lhe o que você nunca teve,
realizar nosso sonho esperança.

Deixe-me tocar sua pele,
e com sussurros de amor
efervecer sua alma,
pulsar seus pensamentos
acendendo novos desejos.

Deixe-me acordar você com beijos
em leves toques,
acariciar seus lábios com os meus
e despertar em você
sentimentos adormecidos e esquecidos.

Deixe-me olhar seus olhos,
navegar seu mundo,
conhecer seu universo.

Deixe-me deixar
você ser o que quero que seja para mim,
a cada palavra, a cada toque...

Deixe me ser vital para você,
como você é para mim
no respirar,
no pulsar do coração,
na melodia da vida,
na luz que nos ilumina.

Deixe-me ser seu menino,
com seu carinho me faça crescer,
com seu corpo me faça abrasar
e com seu amor me faça sempre te amar.



"Todos os dias Deus nos da um momento em que é possível trocar tudo o que nos faz infelizes. O instante mágico é o momento em que um sim o um não podem trocar toda a nossa existência".
Paulo Coelho





"A amizade será sempre a primeira palavra do poema que Deus continuará a escrever cada manhã à humanidade, até que ecludam os novos céus e a nova terra".
J. Arias



Quando penso em você...


Quando penso em você me sinto flutuar,
me sinto alcançar as nuvens,
tocar as estrelas, morar no céu...

Tento apenas superar
a imensa saudade que me arrasa o coração,
mas, que vem junto com as doces lembranças do teu ser.

Lembrando dos momentos
em que juntos nosso amor se conjugava
em uma só pessoa, nós ...


É através desse tal sentimento, a saudade,
que sobrevivo quando estou longe de você.
Ela é o alimento do amor que encontra-se distante...


A delicadeza de tuas palavras
contrasta com a imensidão do teu sentimento.
Meu ciúme se abranda com tuas juras
e promessas de amor eterno.


A longa distância apenas serve para unir o nosso amor.
A saudade serve para me dar
a absoluta certeza de que ficaremos para sempre unidos...


E nesse momento de saudade,
quando penso em você,
quando tudo está machucando o meu coração
e acho que não tenho mais forças para continuar;
eis que surge tua doce presença,
com o esplendor de um anjo;
e me envolvendo como uma suave brisa aconchegante...


Tudo isso acontece porque amo e penso em você...






Com Amor são mensagens, frases, reflexões, poesias e
romantismo para tornar a vida mais suave.

Fenando Pessoa *1888 - U1935


Eu tenho um colar de pérolas
Enfiado para te dar:
As pérolas são os meus beijos,
O fio é o meu pesar.

A Terra é sem vida, e nada
Vive mais que o coração...
E envolve-te a terra fria
E a minha saudade não!

Se ontem à tua porta
Mais triste o vento passou
Olha: levava um suspiro...
Bem sabes quem to mandou...

Entreguei-te o coração,
E que tatos tu lhe deste!
É talvez por estar estragado
Que ainda não mo devolveste...

A caixa que não tem tampa
Fica sempre destampada
Dá-me um sorriso dos teus
Porque não quero mais nada.

Duas hora te esperei
Dois anos te esperaria.
Dize: devo esperar mais?
Ou não vens porque inda é dia?

Dias são dias, e noites
São noites e não dormi...
Os dias a não te ver
As noites pensando em ti.

Teus brincos dançam se voltas
A cabeça a perguntar.
São como andorinhas soltas
Que inda não sabem voar.

Ó minha menina loura,
Ó minha loura menina,
Dize a quem te vê agora
Que já foste pequenina...

Levas uma rosa ao peito
E tens um andar que é teu...
Antes tivesses o jeito
De amar alguém, que sou eu.

Rosa verde, rosa verde...
Rosa verde é coisa que há?
É uma coisa que se perde
Quando a gente não está lá.

Tenho vontade de ver-te
Mas não sei como acertar.
Passeias onde não ando,
Andas sem eu te encontrar.

O burburinho da água
No regato que se espalha
É como ilusão que é mágoa
Quando a verdade a baralha.

Boca com olhos por cima
Ambos a estar a sorrir...
Já sei onde está a rima
Do que não ouso pedir.

Não digas mal de ninguém,
Que é de ti que dizes mal.
Quando dizes mal de alguém
Tudo no mundo é igual.

Todas as coisas que dizes
Afinal não são verdade.
Mas, se nos fazem felizes,
Isso é a felicidade.

Todos os dias que passam
Sem passares por aqui
São dias que me desgraçam
Por me privarem de ti.

Não sei que grande tristeza
Me fez só gostar de ti
Quando já tinha a certeza
De te amar porque te vi.

Se há uma nuvem que passa
Passa uma sombra também.
Ninguém diz que é desgraça
Não ter o que se não tem.

Tens olhos de quem não quer
Procurar quem eu não sei.
Se um dia o amor vier
Olharás como eu olhei.

Ó loura de olhos tristes
Que me não quis escutar...
Quero só saber se existes
Para ver se te hei de amar.

Tenho umm livrinho onde escrevo
Quando me esqueço de ti.
É um livro de capa negra
Onde 'inda nada escrevi.

Meu coração a bater
Parece estar-me a lembrar
Que, se um dia te esquecer,
Será por ele parar.

Tenho um desejos comigo
Que hoje te venho dizer:
Queria ser teu amigo
Com amizade a valer.

Dá-me um sorriso daqueles
Que te não servem de nada
Como se dá às crianças
Uma caixa esvaziada.