terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Conhecendo, aprendendo e compreendendo o outro lado da sociedade



Ao acompanhar mães e parentes que visitam seus entes queridos no presídio , pude conhecer e compreender o "outro lado da sociedade". Lado esse que é discriminado e isolado pelos cidadãos de nosso País.
Os detentos são humilhados pelos agentes e militares dos presídios, como se fossem animais. Urinam em seus pertences, comida e até mesmo neles quando querem que os mesmo calem a boca quando inquietos.Existem casos de estupro (efetuados com cacetete , cabo de vassoura e ou canos de ferro), tanto nos presídios masculinos como nos femininos. Muitos apenados não saem para o pátio e ou jogam bola com medo da repreensão até mesmo de outros apenados.
É muito sofrida a ida dessas mulheres aos presídios, pois não existem acomodações decentes para aguardarem antes de entrar. Quando chove é horrível, deveriam fazer uma cobertura descente para que os parentes possam aguardar sem se molhar e fugir do sereno. Pois passam a madrugada numa fila imensa para poder visitar seus entes queridos. É muito estressante e cansativo ficar na fila para pegar a ficha para efetuar a visita. Tem de chegar bem cedo (em torno de onze horas da noite dependendo da distância percorrida),para pegar um número baixo. A ficha na maioria dos presídios são distribuídas a partir das 6:30 da manhã, aí então se enfrenta outra fila para colocar a sacola de mantimentos e objetos de higiene para ser revistada, após enfrenta-se outra fila para entrega de documentos e outra para revista . Só aí então pega-se a sacola e segue para as galerias. Entram para as visitas em torno das 8:00 da manhã aquelas que chegam cedo, outras chegam a entrar após o meio dia. São horas esperando para entrar e tanto adultos como crianças se cansam e se estressam até que se entre para a visita.Pois até para entrar nas galerias enfrentam-se fila, pois tem de entregar a ficha e a carteirinha para que chamem o apenado para a visita.
As cadeeiras velhas (como são chamadas as mulheres que visitam a anos seus maridos e ou filhos), brigam com as novatas que chegam primeiro na fila e ou furam a mesma. A disciplina de cada qual tem seu lugar na fila é rigorosa.Existem ameças de surras e até mesmo morte caso uma tente furar fila .
Isso poderia ser melhor controlado se todos os presídios distribuíssem as fichas pela internet e ou conforme as mesma fossem chegando para formar a fila (segundo meu ponto de vista).
Aos domingos vão crianças de todas as idades, o que na minha opinião não deveria acontecer com tanta frequência. Pois o ambiente dentro dos presídios é muito pesado e triste para uma criança. Enquanto bebê, nada se percebe à sua volta , mas a partir dos dois anos de idade além de perceberem ela acaba por fazer com que aquele meio seja comum em sua vida.
Acredito que se o pátio de visitas fosse mais estruturados para receber essas crianças e parentes, mudaria a visão tanto das crianças como dos parentes que os visitam. E o apenado também se sentiria mais acolhido com sua família para passa aquelas poucas horas que os fazem felizes e amados. Poderiam ao menos pintar com cores alegres e com coberturas para proteger do sol e da chuva.Podem pensar que o ambiente não afeta o psicológico de uma criança e ou um adulto, mas infelizmente sim.
Mas, depois de todo esse sofrimento, é gratificante poder estar com a pessoa que se ama mesmo que seja por poucas horas. Da-se e recebe carinho, amor e aconchego é como se os minutos se tornassem horas.
A saída, esse é o pior momento, é doloroso para ambas as partes, principalmente para as crianças. Pois a vontade de ficar mais um pouco é grande e o sofrimento dos pais e mães que recebem a visita de seus filhos e tem de deixá-los irem é muito forte e triste.
E cada mulher que faz parte desta rotina, seja onde for, merece todo o respeito da sociedade porque são guerreiras e fortes. Sejam elas mães, irmãs, namoradas, filhas ou esposas. São corajosas, sabem amar de verdade com pureza e principalmente com sinceridade.
A todas essas mulheres dou meu respeito porque elas a cada dia me dão uma lição de vida e mostram que a vida tem que ser vivida com garra e amor ao lado de quem se ama seja como e quando for. Não tem barreiras ou obstáculos que as impedem de viver um amor verdadeiro seja ele qual for. O que importa é amar profundamente.
Somente vendo essa situação pessoalmente, para poder compreender e conhecer todo o sofrimento que existe com essas famílias . Sei que estão pagando pelos seus erros perante a sociedade , mas a família não deve ser vista com descriminação. Muito pelo contrário, deveria haver mais assistência a elas, pois não estão ali por que querem e sim porque precisam dar alento e carinho para aqueles que estão corrigindo seus erros.

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